terça-feira, 31 de agosto de 2010

BRASIL FAZ UMA EXCLENTE PARTIDA MAS PERDE POR DOIS PONTOS PARA OS ESTADOS UNIDOS


Se existem derrotas que valem mais que vitórias, o Brasil experimentou o sabor de uma delas nesta segunda-feira. Após duas atuações apagadas contra os fracos Irã e Tunísia, a seleção
de Rubén Magnano se agigantou – e logo contra os Estados Unidos. Perdeu o jogo, mas ganhou moral. Vestindo verde e se agarrando à esperança o tempo todo, a equipe virou o primeiro tempo na frente, manteve o placar apertado até o fim e só viu a vitória escapar na
última bola. No banco, o carrasco Rubén Magnano quase beliscou mais uma em cima dos craques da NBA. Desta vez não deu, 70 a 68. Mas foi, com sobras, a atuação que o Brasil perseguia para recuperar a confiança.

Magnano, que já tinha batido os EUA em 2002 e 2004, no comando da Argentina, mostrou que conhece bem o caminho para incomodar a maior potência do basquete. Nesta segunda, bateu na trave. Marcelinho Huertas teve a chance de empatar a três segundos do fim, mas errou o primeiro lance livre. Desperdiçou o segundo de própósito e fez a bola chegar a Leandrinho, que, bem marcado, não conseguiu forçar a prorrogação (veja os lances no vídeo acima).
Tyson Chandler e Tiago Splitter, Miundial de Basquete TurquiaO

Após o alívio de segunda-feira, a seleção ganha uma merecida folga na terça e só volta à quadra na quarta, para enfrentar a Eslovênia. Aí, sim, começa para valer a briga por posições no grupo B. A primeira fase termina na quinta, contra a Croácia. Nesta segunda, os eslovenos bateram os croatas por 91 a 84, e o Irã derrotou a Tunísia por 71 a 58. Quatro dos seis países vão às oitavas.

O cestinha brasileiro nesta segunda, em Istambul, foi Marquinhos, que começou como titular e terminou com 16 pontos. Quem também brilhou foi Tiago Splitter, com ótima atuação defensiva, além de 13 pontos e 10 rebotes. Leandrinho fez 14, seguido pelos oito de Marcelinho Huertas, que ainda deu cinco assistências e pegou quatro rebotes.

- Sabíamos que tínhamos uma grande equipe pela frente e jogamos de igual para igual. A gente não queria levar de sapatada. Agora eles sabem que tem perigo pela frente. Tenho certeza que estão surpresos sim. Ninguém gosta de perder, mas foi de um jeito bom - afirmou Leandrinho.

Os americanos devem a vitória a Kevin Durant, que comandou o ataque com 27 pontos, além de 10 rebotes. Chauncey Billups contribuiu com 15, enquanto Derrick Rose fez 11.

Equilíbrio desde o inícioDurante o aquecimento, o armador Russel Westbrook dançava após cada bandeja. Kevin Durant era mais comedido que seu companheiro. Olhava Anderson Varejão fora da quadra e parecia imaginar que, sem o ala-pivô do Cleveland Cavaliers, encontraria do outro lado uma equipe fragilizada. Enganou-se. Um Brasil atento, preciso no ataque e na defesa e com postura de vencedor mostrou a sua cara. Fez o que nenhuma outra seleçao da chave conseguiu: virar o primeiro quarto na frente dos americanos (28 a 22).


Leandrinho e Ruben Magnano no jogo do Brasil contra EUA no Mundial de Basquete Quem achava que já era o suficiente se surpreendeu com o segundo período. Assustados, os americanos não conseguiam pôr em prática os contra-ataques que até então tinham sido letais. A marcação brasileira fechava a porta e só Kevin Durant ousava tentar passar por ela. A jovem estrela carregava o time nas costas e ouvia a arquibancada pedir por defesa depois que a diferença chegou aos oito pontos (33 a 25).
Na metade do segundo quarto caiu para um, após um breve momento de desatenção que levou a erros bobos de passe. Nada que não pudesse ser recuperado por Marquinhos, com a mão certeira da linha de três. Que não pudesse ser resolvido por Splitter, gigante nos dois garrafões. Com a pontuação bem distribuída, os comandados de Magnano sobraram e conseguiram o que soava impossível: foram para o intervalo carregando uma vantagem de 46 a 43.

O estrago era tamanho que o técnico Mike Krzyzewski se levantou da cadeira, abandonou o temperamento zen e reclamou muito com sua equipe. O Brasil continuava ditando o ritmo e isso o incomodava. Durant e Derrick Rose trataram de acalmar o chefe. Foram eles que colocaram os Estados Unidos na frente: 52 a 50. Magnano pensava rápido, coçava a cabeça e chamava Alex para o jogo, já que Huertas estava pendurado com quatro faltas, mesma condição de Splitter. O time sentiu o golpe com a saída do armador. Em uma sequência sem sucesso de arremessos longos, deixou o adversário escapar (61 a 55). Por pouco tempo. Leandrinho tomou a iniciativa e diminuiu ao fim do terceiro período: 61 a 59.

Leandrinho na partida do Brasil contra os EUA no Mundial

Antes da volta para os últimos dez minutos, uma pane no placar colocava os americanos na posição confortável que vinham encontrando no torneio: 61 a 0 a seu favor. Era só um erro tecnológico. Ao fundo, a trilha sonora parecia ter sido escolhida a dedo para os brasileiros. Tocava "I got a feeling", do Black Eyed Peas, prevendo o sentimento de uma noite boa em Istambul. Durant começou a errar lances livres. Marquinhos acertava mais uma de três. Àquela altura, um torcedor solitário que gritava pelos EUA ganhava vaias como resposta.

Os americanos tinham mais um ataque e dois pontos de frente. Erraram. Restando sete segundos, com a Abdi Ipekci de pé, Huertas partiu para a cesta, sofreu falta e a bola caprichosamente bateu no aro e não caiu. A 3s, ela chorou de novo no primeiro lance livre. O armador, então, errou o segundo de propósito para aproveitar o rebote.

A estratégia deu certo, mas Leandrinho, bem marcado, não conseguiu converter os pontos que dariam o empate. Fim de jogo. Os americanos aplaudiram e comemoraram como ainda não tinham feito na Turquia. No centro da quadra, os brasileiros se abraçaram, certos de que, apesar da derrota, o dever de recuperar a confiança estava cumprido.

BRASIL: Huertas (8 pontos), Leandrinho (14), Alex (5), Marquinhos (16) e Tiago Splitter (13). Entraram: Marcelinho Machado (7), Murilo (0), Guilherme Giovannoni (5) e JP Batista (0). Varejão (lesionado), Raulzinho e Nezinho não entraram.

EUA: Derrick Rose (11), Chauncey Billups (15), Andre Iguodala (3), Kevin Durant (27) e Lamar Odom (8). Entraram: Russell Westbrook (2), Rudy Gay (1), Eric Gordon (0), Kevin Love (3) e Tyson Chandler (0).

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